A festa cujo nome é referente ao do nosso ex-presidente, ou a prova viva que o director não faz uma ponta de um corno

Estava eu bem descansado, neste país à beira-mar plantado, quando me deparo com uma mensagem, mas na altura precisava de uma massagem, até porque tinha uma dor nas costas que não me passava. Esta dor devia-se ao facto de estar num carro com cinco pessoas, onde me esperavam umas merd... maravilhosas férias em família, assim à bom português no sítio em que todo o bom português passa o Verão. Na verdade, o conceito de boas férias de um cidadão português passa por torná-las umas férias más o suficiente para que o regresso ao trabalho não seja penoso. Confesso que é um conceito bonito e no meu caso resultou brilhantemente.

Voltando à dita sms, esta consistia numa curta referência a essa festa que miúdo e graúdo visita sem hesitação, as famosas festas do S. Paio. Decidi então mais tarde fazer o meu quinhão de pesquisa sobre as folias que se fazem em honra deste padroeiro com nome de presunto fumado. As referências que encontrei falavam num "ponto de encontro para naturais e forasteiros, que, chegando por terra ou por água, se concentram por estes dias na praia da Torreira, em maré de celebração e convívio.". Vim a constatar que este texto era perfeitamente verdadeiro, visto que os naturais e forasteiros se encontravam em amena cavaqueira: prova disto foi um natural que viu um forasteiro meu conhecido e lhe indagou se ele era de lá, ao que este respondeu o mais educadamente que conseguiu "não". O natural deve ter gostado de ter o artificial (o forasteiro) à sua frente, pelo que lhe deu as boas vindas ao S. Paio na Torreira de forma amigável, cumprimentando-o com um bufardo no nariz. É sempre simpático.

Já a parte que refere "chegando por terra ou por água", eu vou contestar um bocado. É que eu acho que eles queriam mesmo escrever "ficando por terra ou por água", visto que eram muitos aqueles que ficavam lá na terra a contar as areias do chão. Ou por água, bem, o texto não é deste ano, e acho que ficar por álcool era talvez mais apropriado.

Continuando na pesquisa, constatei que "Do extenso programa das festividades, destacam-se o "Concurso de Rusgas" e o "Fogo no Mar", no dia 7 de Setembro". O concurso das rusgas, confesso que não reparei. No entanto, se fossem rusgas policiais, aposto que a malta da GNR da Murtosa ganhava o primeiro prémio, e então se trouxessem os dobermans... Upa Upa. Só posso supor que eles andassem a rusgar pela barraca dos shots. Quanto ao Fogo no Mar, eu sei de fonte segura que a água do mar esteve bem fria durante toda a romaria (que bela rima hã?), pelo que o fogo no mar também não deve ter acontecido. É o que dá as festas serem mal organizadas!

Tive também conhecimento que iam organizar "Corridas de Chinchorros". Segundo o dicionário online, um chinchorro é "designação de qualquer carro, navio ou animal ronceiro". Ou seja, apenas posso supor que tenha havido uma corrida de animais ronceiros, o que sem dúvida bate aos pontos as corridas de gambozinos de Mem Martins.

"Da animação musical o destaque vai para actuação da cantora Mónica Sintra, na "noitada" de sábado, dia 9". Quanto a esta referência das festas do S. Paio, a única palavra que se aproveita é noitada. Sim porque a Mónica Sintra, apesar dos seus grandes hits a nível mundial (chegou a atingir o 17º lugar do top de vendas do Sri Lanka com o single "na minha cama com ela") não conseguiu competir com o Cowboy Viado, música que vários aficcionados cantam deliberadamente sem sequer desconfiarem o significado da expressão... hmmm... uhuh

Senta. Eu sei que senta. Ele senta. Eu sei que senta.

Depois deste momento, tão contra a minha sexualidade, continuo a contar a história. A modos que depois da pesquisa decido ir ao S. Paio, já que até me apetecia fugir à rotina citadina e viver em condições desumanas. Fica então aqui um diário resumido daquela que foi a minha experiência na Torreira.



Dia 1, Quinta-Feira: Chego ao acampamento onde estão dispostas de forma semi-circular as nossas tendas, constituindo o noss pequeno código postal. Temos como vizinhos duas dúzias de refugiados num bunker privado, um grupo de nativos de Albergaria com banda sonora a tempo inteiro (tambores e batuques, sons tão actuais) e o nosso catequista que nos dava orientação espiritual. Depois de descobrir que tínhamos duas mulheres que cozinhavam para nós, e que tinhamos forno e frigorifico, senti-me em casa... até descobrir que tinha areia entre as unhas dos pés e uma mosca pousada no ombro. Momentos bonitos de pura higiene. Hora de recolha: 5,45 da manhã, a braços com um amigo quimicamente alterado que teve de ser minuciosamente despido, sem qualquer tipo de intenção sexual.



Dia 2, Sexta-Feira: Hora da Alvorada: 10,26. Depois de acordar fustigado por um calor capaz de derreter o coração da Manuela Ferreira Leite, saio do for... tenda onde acordo para um pequeno almoço constituído por barras de cereais e cerveja. Depois de estar 20 minutos na fila para tomar banho, constato que os chuveiros são fixos e o chão tem bactérias que me roem a sola dos chinelos. Sigo para a praia onde maltratamos uma rapariga de 14 anos, para apenas voltar à noite. Nessa noite consigo que alguém me derrame cerve... água na sweat, que tiro e ponho ao ombro, apenas para misturar o cheiro do malte e do lúpulo com o do perfume. Não tenho a certeza se tal chegou a acontecer, visto que nos cinco minutos seguintes me vi sem sweat e sem integridade física para a reclamar. Hora de recolha: 8,49 da manhã, com pão fresquinho para o pequeno almoço.



Dia 3, Sábado. Hora da Alvorada: 10,11. Depois de entrar no segundo sono, acordo sobressaltado por aquilo que pensava ser um dvd do King Kong. Animado com a perspectiva de uma televisão, saio apenas para me deparar com a malta de Albergaria, que ombreava à vontade com a orquestra sinfónica dos batuques de Vila Real. Confesso também que foi mais ou menos por esta altura que tive inveja das pessoas com prisão de ventre. À tarde voltámos então à solarenga praia da Torreira, onde uma partida de futebol de praia Cordas ao Pescoço versus Passarinhos (Casados contra Solteiros) teve lugar, registando-se que um dos elementos da equipa contrária revelou-se ser bastante forreta. O facto é que não quis pagar um tostão pelos meus pensamentos, e decidiu abrir-me logo ali a cabeça num lance que faria o Dias Ferreira criticar o sistema (embora qualquer lance o faça criticar o sistema). A noite chegou e com ela um stripper numa coluna, o que me desagradou deveras, tanto pela cerveja desperdiçada com aquele homem como com a impossibilidade de uma mulher subir para o dito poste. Hora de recolha: 9,12, embora tenha adormecido em plena praia momentos antes.

Dia 4, Domingo. Hora de alvorada: 10,32. Dia povoado de desinteresse, com apontamento apenas para o aniversário do Rui aka Xixa com direito a bolo para a tropa toda. Hora de recolha: 20.02, hora de volta para a santa terrinha e onde todos adormecemos nos respectivos carros, tavez pelo barulho reconfortante do motor... e com a promessa de regressar em S. Paio 2007, onde talvez a Romana actue. A esperança é a última a morrer, um pouco como os insectos, embora com estes nunca parece que houvesse um último a morrer.

Agora espera-nos um novo evento, a escola, esse grande baluarte da educação nacional! Ou não. Continuem a visitar o Cataplanas! ;)